Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
- Rosa Maria Guimarães
- 7 de abr. de 2016
- 3 min de leitura

Os sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) aparecem muito cedo durante a infância, entre 3 e 5 anos de idade. Boa parte dos casos é detectada antes dos 7 anos, levando em consideração as características relacionadas ao TDAH, mesmo sem interferirem nas questões escolares e sociais, até mais a frente da infância.
Diante disso, devemos considerar que o comprometimento pode começar anos mais tarde, depois do início dos sintomas.
Questões genéticas também estão associadas ao quadro de TDAH. Segundo estudos, pais com TDAH têm a probabilidade aumentada de terem filhos com o transtorno, de até 54%. Ressaltando que esta questão independe do sexo, cultura, etnia... De modo geral, famílias com histórico de TDAH têm maior probabilidade de ter crianças com este transtorno, do que famílias que não o possuem.
Quando se fala de TDAH, o temperamento também deve ser considerado, já que, compreende as características relativas da personalidade, nível de atividade, intensidade, reações, atenção, exigências, qualidade de humor, adaptação e ajuste a mudanças. Segundo Barkley (2004), "um nível excessivo de atividade, durações curtas nas reações a objetos, pouca persistência na busca de objetos para brincar, uma reação de intensidade forte e negatividade ou carência relatada pelos pais para o bebê", são características encontradas com frequência em crianças TDAH.
Durante o período Pré-Escolar fatores como nível de atividade elevada, capacidade atencional reduzida, temperamento considerado difícil, são pontos a serem observados. Não necessariamente são fruto direto da criação no comportamento da criança. As crianças que apresentam sintomas graves que justificam um diagnóstico de TDAH tem maior chance de receber este diagnóstico tempos mais tarde, durante o ensino fundamental, e mesmo depois e durante a vida adulta. O grau do TDAH e a duração podem determinar a probabilidade das crianças de apresentarem uma cronicidade dos sintomas ao longo do seu desenvolvimento.
Muitos pais descrevem que as crianças com TDAH, são inquietas, apressadas, escalam coisas, parecem estar sempre ligadas, tem maior probabilidade de acidentes, são desatentas, impulsivas e destemidas. O que exige monitoramento mais frequente.
Pesquisas sugerem que quando estas crianças passam da fase Pré-escolar para o Ensino Fundamental
têm risco elevado de ter fracasso escolar, em relação à escolarização formal. Considerando para isso, o quadro de sintomas o que as leva a ter uma predisposição a ser menos preparadas para aprender na escola e ter uma defasagem nas habilidades acadêmicas, bem como, leitura, matemática e habilidades motoras finas.
Quando as crianças com TDAH entram na escola uma grande carga social cai sobre elas. O ambiente é muito homogeneizado frente ao seu comportamento heterodoxo, causando grande impacto a eles e gerando perturbações não somente a elas, mas a seus pais também. Segundo Barkley (2004), "A capacidade de sentar imóvel, prestar atenção, escutar, obedecer, inibir o comportamento impulsivo, cooperar, organizar ações e seguir instruções, assim como de compartilhar, brincar, manter promessas e interagir com outras crianças de forma afável é essencial para negociar uma carreira escolar de sucesso, além das habilidades cognitivas e capacidades necessárias para aprender o próprio currículo. Não surpreende que a vasta maioria das crianças portadoras de TDAH seja identificada como diferente em seu comportamento".
Além dos problemas domésticos, os pais ainda têm que lidar com as exigências acadêmicas e sociais. Muitos ainda têm queixas dos professores, que muitas vezes acreditam que os problemas da criança estão ligados a questões domésticas e à criação dos mesmos.
Já na adolescência quando começam as atividades sociais e aulas extracurriculares, com frequência as pessoas com este transtorno tem dificuldade de serem toleradas em atividade grupais, sendo por vezes excluídas. Frequentemente ocorre a retratação dos pais frente ao comportamento de seus filhos, devido muitas vezes a sua conduta inadequada. Já que apresentam habilidades sociais deficientes.

O período da adolescência é um dos mais difíceis para os portadores de TDAH, devido as demandas de conduta, independência e responsabilidade, como também, mudanças sociais e físicas. Pontos como a aceitação pelo grupo, identidade, aparências, são questões que se apresentam também aos adolescentes e que os mesmos devem lidar, juntamente a elas temos a autoconfiança.
Estudos mostram que até 80% das crianças que foram diagnosticadas como TDAH na infância continuam a apresentar sintomas do transtorno na adolescência e na idade adulta.
Os indivíduos que tem TDAH desde a infância e foram devidamente acompanhados por uma equipe multidisciplinar até a idade adulta, apresentam redução dos sintomas, como também melhoria nas questões relacionadas as habilidades sociais.
Referência:
BARKLEY, Russell A. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Manual para Diagnóstico e Tratamento, 3ª edição. ArtMed, 01/2008. VitalSource Bookshelf Online.
Barkley, R. A., Fischer, M., Smallish, L., & Fletcher, K. (2004). Young adult follow-up of hyperactive children: Antisocial activities and drug use. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 45, 195-211.
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